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Alfabetização voltou ao nível pré-pandemia?

Em 2024, o governo divulgou que a alfabetização retornara ao nível pré-pandemia.
No entanto, nesta semana saiu o resultado do SAEB com a avaliação da alfabetização no 2o. ano do EF, com um desempenho pior.

Afinal, o que aconteceu? Quem está certo?
Vem comigo que é pavoroso:

1.Os dados apresentados em 2024 (ref. ano-base de 2023) eram do programa Criança Alfabetizada – que usa outra metodologia do SAEB (que ainda não tinha saído), usa a população total de alunos, não uma amostra. Foi definido como novo índice oficial.
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2. O SAEB vinha sendo coletado para alunos do segundo ano do ensino fundamental desde 2019, com frequência bienal. Os dados de 2021 já estavam disponíveis, os de 2023 ainda não.

E o que o Ministério da Educação fez? Preparem-se…
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3. O Ministério criou uma série histórica usando dados do SAEB (2019 e 2021) e do Programa Criança Alfabetizada (2023). Ou seja: misturou bananas com laranjas!

NUNCA se mistura duas metodologias de coleta numa série histórica.
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4. Detalhe: mesmo nas planilhas que o Ministério publicou com o detalhamento dos dados, consta a série histórica com a mudança de indicador em 2023:
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5. Gerou estranheza o fato de o INEP (que realiza o SAEB) não publicar o resultado do SAEB 2023 ao longo de 2024, mas finalmente o fez nesta semana. E – surpresa! – a alfabetização neste índice é de 49% (contra os 55% no outro).

E qual a justificativa?
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6. O presidente do Inep disse que os dados do SAEB 2023 não eram confiáveis, por isto não teriam sido divulgados. Segundo ele, desde 2021 houve uma redução no tamanho da amostra e que, por isto, o melhor indicador a considerar seria o Criança Alfabetizada.
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7. Assim, temos que:
-SAEB 19 usou amostra
-SAEB 21 usou amostra reduzida
-SAEB 23 usou amostra reduzida
-Criança Alfabetizada 23 usou população
-Min. da Educação divulgou uma série histórica incorreta em 24
-INEP ocultou os dados da SAEB 23 até ser forçado a publicar nesta semana
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8. Perguntas:
-por que apenas agora foi divulgado que houve redução de tamanho de amostra em 2021?
-por que o INEP diz que os dados de 23 seriam imprecisos, mas não os de 21 (ano que mudou)?
-por que o Ministério da Educação omitiu a falta de comparabilidade com dados de 19 e 21?

9. O que o Ministério da Educação fez foi absolutamente incorreto e indefensável – um exemplo no qual podemos cravar que a desinformação foi proposital.
Os responsáveis deveriam vir a público pedir desculpas e corrigir todas as publicações oficiais. A sociedade merece.
FIM


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