Reportagem de hoje do Jornal de Brasília diz que “Correios avisam ao governo que podem precisar de socorro para evitar furo no caixa”.
Ou seja: como previsto, está no caminho para começar a receber aportes de capital do Tesouro.

Segundo a reportagem, “em cenários pessimistas, a empresa precisaria de um socorro de R$ 4 bilhões a R$ 5 bilhões para resolver sua situação financeira.”
O patrimônio líquido dos Correios já é negativo em R$ 6 bilhões, conforme Balanço Patrimonial de 31/03/2025.

Além disso, “só para este ano, a necessidade pode ficar em torno de R$ 2 bilhões.”
A julgar pelos dados do 1o tri, isso aí deve ser para ficar perto do limite.
O prejuízo foi de R$ 1,7 bi em 3 meses e foi financiado principalmente por atraso de pagamentos.
A reserva financeira secou.
Seguimos.
O jornal também fala que “o quadro, que já é preocupante em 2025, se agravará no ano que vem, quando as parcelas de financiamentos contratados começarão a pesar mais no orçamento da empresa.”
Ou seja: fizeram mais dívida.
O que tinha registrado até 31/03/2025 era R$ 550 milhões.

Se a fonte está certa e boa parte dos vencimentos é 2026, isso significa que a empresa, além de tudo, tomou empréstimos de curto prazo.
A tendência é que o custo esteja subindo também – tanto pelo aumento do risco quanto por ser pós fixado (se captaram neste formato, e suponho que sim).
Vou dividir o próximo parágrafo da notícia (abaixo) em duas partes:
“Os empréstimos são cruciais para que a empresa consiga melhorar seus indicadores financeiros e obtenha aval da União em outro contrato de financiamento, desta vez com o NDB (Novo Banco de Desenvolvimento), conhecido como Banco do Brics.
Os Correios negociam um empréstimo de R$ 3,8 bilhões em cinco anos para bancar seu projeto de modernização.”
Primeiro: “os empréstimos são cruciais para que a empresa consiga melhorar seus indicadores financeiros”.
Não vão melhorar.
Vai melhorar (no curto prazo) a liquidez, mas a alavancagem vai estourar.
Se as margens continuarem ruins, os indicadores de risco vão piorar.
Segundo: “Os Correios negociam um empréstimo de R$ 3,8 bilhões em cinco anos para bancar seu projeto de modernização.”
Se a empresa continuar com o operacional ruim do jeito que está, esse empréstimo vai ser para capital de giro e cobrir prejuízo, não para investir em modernização.
Essa próxima parte (na imagem) não é surpresa para ninguém. Inclusive, falei isso na reportagem que saiu d’O Globo (segunda imagem).


A previsão, segundo o JBr, é de uma despesa da ordem de R$ 20 bilhões ao ano caso isso ocorra e os Correios se tornem uma estatal dependente.
Até aqui, nada de novo para quem acompanha as análises por aqui, no meu perfil e no perfil do DesvenDados.
Mas tem mais uma coisa interessante que eu vi esses dias e nem publiquei nada (até pq ninguém deve aguentar mais ler sobre Correios no meu perfil).
Segundo a coluna da Mônica Bergamo, “Rui Costa pressiona Correios a demitir e presidente da estatal deixará o cargo”.
Aparentemente, a “pressão por reestruturação está forte”.

Isso também foi noticiado pela coluna do Lauro Jardim: “O clima ruim entre o presidente dos Correios e Rui Costa”.

Vamos ver as cenas dos próximos capítulos.
Deixo abaixo os links para as análises que já fiz dos Correios:
Consolidado de análises sobre estatais