Liquidez: Uma Visão do Balanço Patrimonial

Há cerca de 15 dias, fiz um post que define ativos líquidos como aqueles que podem ser convertidos em dinheiro rapidamente e sem impacto relevante nos preços.

Em análise financeira, é bem comum avaliar a liquidez do balanço patrimonial.

O que isso quer dizer?

A lógica é basicamente a mesma.

Ativos mais líquidos, como depósitos em conta corrente e aplicações de resgate imediato, podem ser convertidos imediatamente em dinheiro.

Outros como estoques, contas a receber e ativos imobilizados (máquinas e prédios) são menos líquidos.

No balanço patrimonial, os ativos são classificados da seguinte forma:

Ativos Circulantes: incluem caixa, contas a receber, estoques e outros ativos que podem ser convertidos em dinheiro dentro de um ano.

Ativos Não Circulantes: incluem investimentos de longo prazo, recebíveis acima de um ano e ativos imobilizados como imóveis, equipamentos e outros investimentos que não são tão facilmente convertidos em dinheiro.

A forma de apresentação disso no Balanço Patrimonial muda de acordo com o padrão contábil.

Empresas que usam BR GAAP e US GAAP, em geral, apresentam os itens em ordem decrescente de liquidez.

No IFRS, não há exigência formal, mas a prática mais comum é apresentar em ordem crescente de liquidez.

E por que a liquidez importa?

A gestão de liquidez é fundamental para a saúde financeira da empresa.

Manter um nível equilibrado de ativos e passivos garante o cumprimento das obrigações de curto prazo com os credores, além de possibilitar que a empresa aproveite oportunidades de investimento com menor risco.

Empresas com uma posição saudável de liquidez têm maior capacidade de enfrentar crises e de negociar melhores condições com fornecedores e credores.

Além disso, uma boa liquidez aumenta a confiança dos investidores e das partes interessadas, o que pode resultar em melhores condições de financiamento.

Normalmente, a forma de analisar a liquidez do balanço patrimonial é por meio dos índices de liquidez.

São três índices principais.

Liquidez Corrente (ou Current Ratio):

Fórmula: ILC = Ativos Circulantes / Passivos Circulantes

Interpretação: capacidade da empresa de pagar suas obrigações de curto prazo com seus ativos circulantes.

Um índice maior que 1 indica que a empresa possui mais ativos circulantes do que passivos circulantes.

Ou seja, se o índice for 1,5, para cada R$ 1,00 que ela deve até 1 ano, ela tem R$ 1,50 de ativos realizáveis no curto prazo.

Liquidez Imediata (ou Cash Ratio):

Fórmula: ILI = (Caixa + Equivalentes de Caixa) / Passivos Circulantes

Interpretação: capacidade da empresa de quitar suas obrigações de curto prazo utilizando só os ativos mais líquidos (caixa e equivalentes de caixa).

Apesar de um índice mais alto indicar uma posição confortável de caixa, também indica que a empresa está mantendo caixa ocioso.

Liquidez Seca (ou Acid Test):

Fórmula: ILS = (Ativos Circulantes – Estoques) / Passivos Circulantes OU

ILS = (Caixa + Equivalentes de Caixa + Contas a receber) / Passivos Circulantes

Interpretação: exclui os estoques dos ativos circulantes, oferecendo uma visão mais conservadora da liquidez.

Um valor acima de 1 indica que a empresa pode cobrir suas obrigações de curto prazo sem depender da venda de estoques.

Particularmente, entender a liquidez do balanço patrimonial é um dos primeiros passos quando faço análise financeira.

A liquidez tem relação direta com a gestão de capital de giro, que por sua vez vai impactar a estrutura de capital e nível de alavancagem financeira.

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