Reserva de Emergência: conceitos e critérios essenciais

Quando teve o rolo do Banco Master, um argumento para o produto que prometia antecipar o pagamento do FGC foi que “poderia ter gente precisando do dinheiro na hora”.

Na ocasião, falei que lugar de dinheiro de curto prazo não é em CDB de médio/longo prazo.

Mas onde é?

Antes de mais nada: eu evito falar de finanças pessoais.

Meu interesse de verdade está em finanças corporativas, mas esse é um tema que gera tanta confusão que resolvi fazer um fio.

“TÁ BOM, VC JÁ REPETIU ISSO MIL VEZES. DESEMBUCHA.”

OK!

O lugar de dinheiro de curto prazo é na…

Reserva de Emergência!

(Avah!)

E o mais fácil é começar dizendo o que reserva de emergência NÃO É.

Reserva de emergência NÃO É para procurar maximizar rentabilidade.

Reserva de emergência NÃO É para correr risco.

Reserva de emergência NÃO É para ter restrição de liquidez.

“AH ENTÃO VOU DEIXAR MEUS DINHEIRO NO COLCHÃO!”

Não, também não é assim.

Existem opções que atendem os requisitos para uma reserva de emergência.

E quais são os requisitos que um investimento tem que ter para poder ser usado como reserva de emergência?

Requisito 1: Segurança

O risco de calote deve ser baixo.

Nada de banquinho. Nada de debênture.

Também não pode ter risco de mercado – ou seja: renda variável NÃO SERVE para reserva de emergência.

Nem ações, nem FIIs, nada disso.

Requisito 2: Liquidez

Você tem que poder conseguir resgatar sua reserva de emergência quando quiser/precisar, e tem que cair na conta em D+0.

Sexta-feira, véspera de carnaval? Tem que conseguir sacar.

“Mas leva só 10 dias…”

Não serve. Chama reserva de emergência por isso.

Particularmente, o único investimento que eu acho adequado para reserva de emergência é CDB posfixado de bancão.

“Qual bancão?”

Qualquer bancão.

“Mas o Banco Tal é bancão?”

Se for bancão vc provavelmente não vai precisar perguntar.

Eu considero que só tem 4.

E todos eles têm CDB que paga 100% do CDI, até onde eu sei.

“Mas o fulano de tal me falou que o Tesouro Selic serve pra reserva.”

Tem gente que diz que sim.

Eu considero que não, APESAR DE SER SEGURO.

Já aconteceu algumas vezes do Tesouro Direto suspender negociações devido a volatilidade do mercado.

Vai render basicamente o mesmo que um CDB que paga 100% do CDI, então não tem porque correr o risco de não conseguir resgatar na hora que precisar.

“E OS FUNDOS DI COM LIQUIDEZ IMEDIATA??”

Também não uso.

Explico porque:

Todo fundo cobra uma taxa de administração para funcionar (óbvio, porque tem estrutura operacional e tem que remunerar o gestor).

O benchmark desses fundos de alta liquidez, em geral, é o CDI – é o que eles tentam acompanhar e superar.

Só que o rendimento LÍQUIDO tem que superar o CDI (ou empatar).

Ou seja: para entregar CDI depois da taxa de administração, o fundo vai precisar correr um risco superior ao CDB pós-fixado que simplesmente paga o benchmark.

E reserva de emergência não é para ficar caçando uma merreca a mais de rentabilidade (nenhum investimento deveria ser).

Renda variável eu nem precisaria explicar, né?

Não vai inventar de colocar sua reserva de emergência em investimentos que podem ter esse tipo de oscilação.

Bora falar o óbvio?

Renda variável VARIA.

Uma vez eu lembro de uma influencer famosa de finanças recomendando FIIs para “uma parte da reserva de emergência de quem tem perfil arrojado”.

Isso não faz sentido nenhum.

(E sim, renda fixa também pode oscilar – especialmente pré-fixada – mas aí é outro papo e não é disso que estamos falando aqui).

“BELEZA, ENTENDI! E QUANTO QUE EU TENHO QUE DEIXAR NA RESERVA DE EMERGÊNCIA?”

Resposta simples: o recomendado é tentar formar uma reserva entre 6 e 12 meses de gastos “obrigatórios”. GASTOS, não necessariamente renda.

Se você gasta menos do que ganha, você vai fazer essa conta usando os seus gastos mínimos mensais.

A lógica é que a reserva é para cobrir uma eventual necessidade financeira, como a perda de renda por um tempo.

A resposta não tão simples: depende da sua estabilidade de renda. Se você é concursado, talvez possa ter mais perto dos 6 meses (tem gente que se sente confortável com menos).

Se você é autônomo e tem muita variabilidade de renda, pode ser mais interessante uma reserva mais robusta, mais perto dos 12 meses.

Aí vai de cada um.

Mas de tudo isso, o mais importante e o que mais livra de se meter em furada com reseva de emergência é lembrar do seguinte:

Reserva de emergência não é sobre buscar o “melhor produto” nem sobre aumentar a rentabilidade.

O principal é ter certeza que, quando você precisar, o dinheiro vai estar lá e você vai conseguir ter acesso.

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