Dicas para uso de IA

Essa semana o Frank fez um fio (e um post) bem legal sobre os cuidados com o uso de IA para coleta de dados.

Seguindo essa linha, resolvi resgatar e atualizar um fio que postei há algum tempo sobre o uso de IA.

Eu uso o ChatGPT (e umas outras IAs) praticamente todos os dias, seja no trabalho ou para estudar. O ChatGPT é a ferramenta de IA que mais uso.

Já testei o Claude e também gostei, mas acabei ficando no ChatGPT mesmo porque foi o que comecei a usar primeiro e já tem todo o histórico de conversas e o contexto do que já consultei. O único que sou assinante é o ChatGPT (plano Plus, US$ 20,00 por mês).

Dizem que o Claude é mais preciso em algumas coisas, mas sinceramente não usei o suficiente para notar diferença. Já ouvi falar muito bem sobre o Claude para código.

Para organizar melhor, vou separar o texto em Trabalho e Academia.



Trabalho

No trabalho eu uso menos a IA.
Em geral, eu uso o ChatGPT para:

– Revisões de textos.
– Estruturar planejamentos ou cronogramas.
– Pesquisas e dúvidas rápidas.
– Traduções mais simples.

Também uso para esboço de comunicados ou e-mails.
Em geral, peço uma versão inicial para ponto de partida e depois altero da forma que quiser (e eu edito muito).

O principal: eu NUNCA coloco informações sensíveis ou de clientes no prompt.

Dá trabalho mudar tudo? Sim. Mas eu mudo mesmo assim.

Eu mudo as informações e só dou o contexto mais genérico possível.
Sou bem criterioso (paranoico) com informações de clientes e não arrisco.

Já vi gente subindo DRE de cliente (capital fechado e não era cliente meu) para a IA analisar. Não façam isso.

Além de toda a questão de sigilo, a chance de ter análise errada é grande.

A IA não é perfeita e eu já vi errar muito em problemas financeiros que consultei para discussão.



Academia

Para trabalhos acadêmicos, eu uso três IAs diferentes.

O ChatGPT, o Elicit e o NotebookLM.

O ChatGPT eu uso para:

1) Explicação de conceitos, principalmente em métodos.
Se estou lendo um artigo e tenho dúvida de algum conceito, eu crio um chat específico e vou perguntando e discutindo até entender. Isso funciona muito bem, principalmente para entender textos acadêmicos em que o autor tem uma argumentação mais confusa.
Para a parte de métodos, é excelente. Eu não sou estatístico e estou longe de ser, então tem conceitos que preciso consultar conforme vou lendo – seja para entender, seja para usar depois. Consultar a IA e depois aprofundar se for preciso é muito mais rápido que consultar livro-texto para tudo.

2) Programação
Eu uso o R para estatística, mas não sou programador nem especialista em R.
Eu explico para a IA o que preciso e vou ajustando o código conforme preciso, inclusive especificando os pacotes que uso (conheço o suficiente pra isso). Também serve muito bem para debug.

Precisa conferir?
Sim, precisa conferir o código.
Se não souber corrigir o código, precisa ter conhecimento suficiente da teoria para ver se o resultado parece fazer sentido.
Já peguei erro sério nisso.

3) Revisão de literatura
Para explicação de conceitos e para organizar fichamentos e notas (eu ainda uso muito caderno e depois digito lá para organizar).

Eu não costumo usar para pesquisa e busca de referências.
O ChatGPT muitas vezes alucina e inventa referências. Se usar, confira.

Uma coisa que vale a pena: quando for escrever a revisão de literatura, discuta com o ChatGPT o que for escrevendo. Mande os parágrafos e peça feedback (e peça para ele ser crítico, porque a tendência da IA é ser pouco crítica com o usuário).

Em geral, eu peço para ele avaliar a robustez do argumento, a coerência e o ritmo.

4) Estruturação de artigos ou projetos de pesquisa
Autoexplicativo, eu coloco lá a ideia conforme for pensando e peço para organizar. Depois eu altero tudo e trabalho com base nisso. É só para ter “matéria-prima”.

5) Feedback de artigos
Neste caso, eu criei um prompt padrão para me dar feedback estruturado por seção. Eu faço o upload do draft e ele dá um feedback estruturado.

O feedback segue a estrutura:

– Pontos fortes
– Pontos fracos
– Sugestões de melhoria

E ele avalia: força do argumento, coerência e linguagem (ortografia, gramática etc).

De novo: eu sempre achei que o ChatGPT é meio “leve” na crítica, então pedi para ser mais rigoroso.

Importante: não usar ChatGPT na base do Ctrl+C / Ctrl+V.
Para quem usa sempre, a estrutura que a IA escreve é reconhecível.

Para o trabalho, é pouco profissional – minha opinião, claro.
Para a academia, é burrice, porque vai aprender menos do que estudando e escrevendo por conta.


Sobre o Elicit:

Esse eu uso menos, mas é interessante.

O Elicit é focado em pesquisa acadêmica e é basicamente uma IA para busca de referências bibliográficas.

E funciona muito bem, pela minha experiência.
Você coloca a questão de pesquisa e ela te fornece artigos de referência. Vai do pesquisador filtrar.

Substitui o trabalho de pesquisa?
Não, mas também é um bom ponto de partida.
Eu costumo dar uma olhada e depois que encontro o paper referência faço a busca tradicional de referências, normalmente no Google Scholar.

O problema do Elicit, na minha opinião (eu uso a versão gratuita):
Eu acho o filtro de relevância meio fraco. Vem muito paper de revista desconhecida, muita coisa antiga e muito Working Paper ou tese.


Por último, o NotebookLM:

Esse eu comecei a usar a menos tempo (graças ao Boni) e é muito bom.

O NotebookLM cria “cadernos” (os notebooks) com as fontes que você carregar, então o que eu faço é criar um notebook para cada projeto de pesquisa.

Feito isso, eu vou criando as notas com base nas discussões e comparativos que peço entre os artigos. O que é legal é que o NotebookLM tem outros recursos também:

– Mindmap
– Plano de estudos
– FAQ
– Documento de resumo
– Linha do tempo
– E o mais legal de todos: ele cria podcast

Importante: conforme você conversa com o NotebookLM, você precisa ir salvando as notas. Posso estar fazendo algo errado, mas se eu não faço assim ele vai sobrescrevendo e eu perco as anotações mais antigas.


Importante:

As ferramentas de IA não substituem a leitura dos artigos.
Não é terceirização.

Eu já pedi coisas simples e veio errado.
Enviei os artigos e pedi para planilhar com o básico:

Autor, Ano, Principais Conceitos

O ChatGPT confundiu todos os artigos e a planilha veio errada. Eu sempre confiro, então eu vi que estava errado e corrigi.

Usar a IA sem ler os artigos é assumir um risco alto de erro. Não adianta pedir para a IA dar um resumo do artigo sem ter lido antes – se ela errar você não vai saber reconhecer.

E um P.S.:
SIM! Foi o ChatGPT quem gerou a imagem deste post.

2 Comments Deixe um comentário

  1. Excelente tema! Estou fazendo dissertação do mestrado e este artigo é bastante esclarecedor. Parabéns!

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