De modo geral, quando se compara o impacto da pandemia nos países, é mostrada uma lista ou um gráfico com os óbitos por Covid/100.000 ou milhão de habitantes – no entanto, isto contém um problema conceitual grave.
Este número é o que os países registraram oficialmente – o que seria bom, caso todos registrassem do mesmo jeito, mas não é o que ocorre. Em alguns países pobres (p. ex. Índia), o registro de óbitos por qualquer causa já é deficiente em tempos normais – ele simplesmente não consegue captar todos, quanto menos classificar corretamente. Em tempos de pandemia, este problema é exacerbado. E há outros que, a despeito de terem meios de efetuar um bom registro de óbitos, optaram em propositalmente registrar um número muito baixo como sendo por Covid (caso de Rússia, China e México, entre outros). Assim, um comparativo de óbitos/milhão acaba sendo injusto: faz países que registram bem (como o Brasil) estar numa posição pior que aqueles que registram mal.
Uma alternativa – que é usada por epidemiologistas quando de pandemias – é fazer o comparativo do excesso de óbitos (que é o adicional de óbitos em relação ao número de óbitos esperados) entre os países. Em alguns casos (Rússia, México), estes números estão disponíveis, já em outros (Índia, China) precisam ser estimados por proxies e ferramentas estatísticas.
O excelente Our World in Data compila todas estas métricas e permite baixar os dados – que eu fiz neste infográfico aqui, no qual eu correlaciono com a porcentagem da população acima de 65 anos (que obtive do data.worldbank.org).
Para diferenciar os países por localização geográfica, usei diferentes cores para cada continente. E vale lembrar: o quadrante superior esquerdo é o pior e o inferior direito (países com alta população idosa e baixo excesso de óbitos) é o melhor. Reparem na Nova Zelândia e no Japão!
